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Aug 11, 2023

Reabilitação de um Espigueiro / Maria José Pinto Leite

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Descrição de texto fornecida pelos arquitetos. O Espigueiro pré-existente situa-se nos terrenos agrícolas de uma quinta do século XVII. Rodeado por pomares, campos de milho, vinhas, e junto ao curso do rio, o espigueiro insere-se numa paisagem bucólica e rural de cerca de 10ha da quinta.

Procurando dar uma nova função ao edifício e ao mesmo tempo revelar a sua história, foi opção do cliente convertê-lo em habitação porque a sua função agrícola de secagem do milho há muito deixou de existir. Para além do alojamento no solar da quinta, o espigueiro acolherá hóspedes ou parte da família numerosa que pontualmente se desloque em simultâneo para o local.

O espigueiro renasceu assim de uma reinterpretação da arquitetura vernacular minhota, preservando a sua essência.

O princípio foi manter a estrutura de madeira e a composição da fachada do edifício: pavimento em pinho da região, paredes em granito, cinco vãos em ripas de madeira pintada e telhado de duas águas em telha "Lusa". Alguns elementos de zinco e isolamento térmico foram adicionados ao telhado; juntamente com as grossas paredes de granito, a inércia térmica foi assegurada.

No interior, a pedra e a madeira mantiveram o protagonismo, com a adição de toques de cal para o tornar mais luminoso. Na estrutura de madeira recuperada no andar superior, foram criados dois quartos com banheiros. Os móveis são quase todos reaproveitados, retirados de antigos armazéns da fazenda.

Os materiais são locais, naturais e quase crus, e a aparente ausência de detalhes remete-nos para a arquitetura simples dos edifícios agrícolas. A casa do Celeiro é desprovida de ornamentação, rigorosa e minimalista na sua linguagem, tal como quando foi concebida.

As novas caixilharias, compostas por vãos envidraçados de correr, foram rebaixadas. As persianas, antes projetadas para proporcionar boas condições de ventilação para a secagem dos grãos, agora também proporcionam variações sutis de luz no interior.

A retirada integral das portadas, aliada ao envidraçamento das aberturas, permite que a antiga eira lajeada de granito seja aproveitada como logradouro para o qual se abre todo o espaço interior.

Susanna Moreira
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